sábado, setembro 4

Corrupção e falsificação de medicamentos

Na primeira mesa desta tarde, a falsificação de medicamentos foi o tema central, com a apresentação de casos de investigações na Argentina, no Brasil e no Chile. Do jornal argentino Perfil, Emilia Delfino iniciou os trabalhos contando sobre a máfia dos remédios que eram vendidos pelo governo a farmácias locais.

Alguns desses medicamentos eram roubados, outros eram distribuídos com a data de validade vencida e vários eram inclusive adulterados quimicamente. A reportagem deu força a uma investigação da polícia que já estava em curso e com documentos foi possível comprovar os acordos financeiros entre o poder público e as farmácias.

Alana Rizzo mostrou a séria de reportagens publicada no jornal Estado de Minas cuja investigação revelou como os medicamentos falsificados entram no Brasil pelas fronteiras – principalmente pelo Rio Grande do Sul – como são distribuídos para vários estados e quais foram as conseqüências na saúde dos pacientes.

Com poucos dados estatísticos e oficiais, a equipe de reportagem optou por dar voz aos pacientes e às famílias, mostrando o drama e o dia-a-dia das vítimas, muitas delas inclusive que acabaram morrendo durante o período de investigação jornalística. Um dos casos foi o de uma paciente que teve um pino de sucata inserido em seu pescoço durante uma cirurgia e que lhe tirou alguns movimentos.

O jornal revelou que o próprio governo comprava remédios falsificados e os distribuía pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com prejuízo de 40 milhões de dólares em três anos por causa dos produtos de baixa qualidade que foram utilizados, como bisturis. Só em 2009, foram apreendidas 313 toneladas de medicamentos falsos no Brasil, de acordo com Alana.

Elías Sánchez, do Canal 13, do Chile, contou a história da série de reportagens que denunciou a contaminação por arsênico na região de Arica, que é uma das mais pobres do país. A investigação começou a partir da denúncia de que crianças estavam adoecendo e que várias pessoas já tinham morrido de câncer.

Os jornalistas entrevistaram mais de 100 famílias, analisaram relatórios oficiais de saúde, solicitaram exames em laboratórios e também recorreram à consultoria de especialistas no tema. Nas universidades, tiveram muita dificuldade em ter depoimentos de acadêmicos em função das pesquisas que são financiadas pelo Estado e várias fontes não quiseram ser identificadas nos esclarecimentos técnicos.

A investigação, por fim, mostrou que várias vítimas não tinham apenas chumbo no sangue, como dizia o governo, mas também arsênico.

Veja a apresentação de Emilia Delfino, publicada no jornal Perfil:

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