domingo, setembro 5

Assassinatos e violação dos direitos humanos

Atentados contra os direitos humanos e assassinatos foram os temas de uma das mesas que deu início aos debates desta tarde. Leonencio Nossa, do jornal O Estado de S. Paulo, relatou o seu árduo trabalho ao longo de sete anos para revelar a matança na Guerrilha do Araguaia, ocorrida durante a ditadura brasileira, na selva amazônica.

Em junho de 2009, o jornalista teve acesso aos arquivos do major Curió, que é um dos únicos militares que ainda tem informações sobre a 3ª campanha da guerrilha, na qual foram mortos 68 guerrilheiros. De acordo com a pesquisa e a apuração de Nossa, 41 deles foram presos e executados, e não mortos em combate como sustentava o Exército.

Ao longo do período de investigação, Nossa acumulou 400 depoimentos, muitos deles de camponeses, militares e pessoas relacionadas com a guerrilha. As reportagens mostraram cemitérios clandestinos, listas inéditas de guerrilheiros que foram assassinados e uma entrevista exclusiva com Curió.

“A Guerrilha do Araguaia foi a Guerra das Malvinas brasileira”, considerou o jornalista. Apesar de dar uma luz à história, Nossa reforçou que muitos arquivos das Forças Armadas ainda estão fechados, são desconhecidos e que boa parte das informações desta época seguem enterradas, assim como os cemitérios clandestinos.

Um dos ganhadores do Prêmio Latino-Americano de Jornalismo Investigativo na noite de ontem, em terceiro lugar, Carlos Dada relatou o caso do assassinato de Monsenhor Romero, na década de 80, em El Salvador. O crime foi considerado de lesa humanidade e o jornalista encontrou um dos suspeitos 30 anos depois, que lhe contou parte da história.

O trabalho de investigação foi elaborado e publicado no portal ElFaro.net, especializado em investigações jornalísticas. Nas primeiras 24 horas após a publicação, a repercussão foi tão grande que derrubou o acesso ao site. As revelações foram republicadas em blogs e amplamente difundidas e compartilhadas nas redes sociais de toda a América Latina.

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